Relações Hídricas – A água e as plantas

Foto ilustrativa - Irrigação no Texas (EUA). Imagem Flickr CC: Agrilife Today.

Um dos recursos mais importantes para a vida das plantas -se não o mais importante- é a água. Como já vimos em outra oportunidade, a fotossíntese requer a entrada de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera. No entanto, ao mesmo tempo que a fotossíntese requer a entrada de dióxido ode carbono, a entrada deste CO2 faz com que a planta fique exposta à perda de água. Portanto, se faz imprescindível entendermos os processos que estão inseridos no sistema solo-planta-atmosfera, em relação ao balanço hídrico. Nesse sentido, as plantas necessitam controlar o quanto perdem e o quanto absorvem de água. Qualquer desbalanço nesse sistema, faz com que ocorram processos celulares defeituosos e/ou, outros efeitos deletérios.

Foto ilustrativa – Irrigação no Texas (EUA). Imagem Flickr CC: Agrilife Today.

É nesse contexto, de absorção de água do solo, e de perda de água para a atmosfera, que as plantas tem, na água, o recurso mais importante para o seu crescimento e pleno funcionamento. No mundo, a água é o recurso mais abundante, e ainda assim, o mais limitante às culturas. Este fato reflete no que vemos na imagem em destaque desta postagem: irrigação. A água ser o recurso mais abundante na Terra, e ao mesmo tempo o mais limitante à produtividade das culturas se relaciona ao fato de que a disponibilidade de água está associada à pluviosidade regional e sazonal, e das bacias hídricas da região de cultivo.

Há uma razão para que as plantas tenham, na água, um fator muito limitante, e isso está ligado ao fato de que as plantas, ao contrário dos animais, utilizam a água em quantidades muito maiores. Nesse sentido, a maior parte da água absorvida pela raiz da planta é carregada pela planta até a sua parte aérea, onde é evaporada pela superfície da folha, onde 97% da água absorvida pelas raízes é evaporada desta maneira. Esta perda de água pela evaporação nas folhas é chamada de transpiração. Por outro lado, apenas uma pequena porção da água absorvida continua na planta, tanto para suprir o crescimento como para processos metabólicos e bioquímicos em geral. Você deve se lembrar que a fotossíntese necessita de CO2 para a formação de trioses-fosfato, certo?  Bem, o que acontece é que a via de entrada do CO2 na planta é a mesma de saída de vapor d’água nas folhas. Isto faz com que hajam alguns efeitos secundários. Há um gradiente de água entre a planta e a atmosfera, que entenderemos um pouco mais a frente (é denominado de gradiente de potencial hídrico). Este gradiente faz com que a água seja muito mais fortemente retirada da planta pela atmosfera, do que o CO2 entre na planta vindo da atmosfera. Algumas estimativas datam que para cada molécula de CO2 que entra na planta, com destino à fotossíntese, 400 moléculas de água foram perdidas.

A esta altura, você deve estar se perguntando: então, a planta deve, em algum momento, passar por um dilema. Deve ela perder água para que o CO2 entre, ou não?

Esta pergunta será respondida aos poucos, conforme formos avançando os conhecimentos. Para seguir estudando relações hídricas, clique aqui.

Referências utilizadas:

TAIZ, Lincoln et al. Fisiologia e desenvolvimento vegetal. Artmed Editora, 2017.

CHAVARRIA, Geraldo; DOS SANTOS, Henrique Pessoa. Plant water relations: absorption, transport and control mechanisms. Embrapa Uva e Vinho-Capítulo em livro científico (ALICE), 2012.

FLOSS, Elmar Luiz. Fisiologia das plantas cultivadas: o estudo que está por trás do que se vê. UPF, 2004.

About André Guilherme Daubermann

Estudante de Doutorado em Fisiologia e Bioquímica de Plantas (ESALQ - USP). Mestrado o em Fisiologia Vegetal na Universidade Federal de Lavras (UFLA - Lavras-MG). Engenheiro Agrônomo formado na Universidade de Passo Fundo (UPF).

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