A estrutura e função do Floema

Figura 1: Figura ilustrativa demonstrando xilema e floema - Buchanan, 2015

Dois tecidos especializados compõem o sistema vascular das plantas vasculares: Xilema e Floema

O xilema é responsável pelo transporte de água e nutrientes do solo, pelas raízes, para as folhas, onde o processo de fotossíntese produz compostos orgânicos de carbono (fotoassimilados).

O floema transporta substâncias mais variadas como água, fotoassimilados, elementos minerais, aminoácidos, fitohormônios. É esse tecido que é responsável pelo transporte da fonte para o dreno. Essas duas palavras sempre vão aparecer quando o assunto for floema. Assim, é necessário compreender bem o que cada uma significa.

Fonte é a origem, é como se fosse uma fábrica que distribui, que exporta, seus produtos para diversos lugares que não os produzem, fazendo assim um abastecimento. Levando essa ideia para a planta, onde seria a fábrica? Nos órgãos que produzem. Se produzem é porque estão gerando o “alimento”, por isso as plantas são seres autotróficos e, para isso, realizam um importante processo: fotossíntese. Dessa forma, fonte está relacionada com aqueles órgãos denominados fotossinteticamente ativos, como folhas adultas, e é exatamente neles que são produzidos os fotoassimilados, que serão posteriormente distribuídos para aqueles órgãos que não conseguem se sustentar, chamados de drenos, como folhas jovens, frutos, raízes.

Só para esclarecer, folhas jovens realizam fotossíntese, mas ainda não é o suficiente para se sustentar, elas acabam gastando mais do que produzem, precisando então de “reforço”. Outro fato interessante é que existem outros tipos de fonte, como um órgão de reserva que exporta em determinada fase do seu desenvolvimento. Se você pensar em raiz diria logo que é um dreno, certo? Nem sempre! É o caso da raiz da beterraba selvagem, que é dreno na primeira estação de crescimento no primeiro ano e na segunda estação torna-se uma fonte exportando açúcares e outras substâncias orgânicas para órgãos drenos.

O floema, assim como xilema, é um tecido especializado, mas por quê? Com certeza porque está envolvido em uma função específica e o que permite isso é a sua estrutura. Vamos conhecer um pouco dela agora antes de entender como ocorre a translocação no floema

Elementos crivados são como são conhecidas as células do floema onde são transportados os açúcares e outros compostos orgânicos. Temos então elementos de tubo crivado, para angiospermas e células crivadas, para gimnospermas (Figura 2).

Figura 2: Desenhos esquemáticos de elementos crivados maduros – Adaptado de Taiz e colaboradores, 2017

Outras células que sempre serão vistas associadas ao floema são as companheiras e parenquimáticas, responsáveis por armazenamento e liberação de moléculas nutritivas. Em alguns casos também podem ser vistas fibras e esclereides, envolvidos na proteção e sustentação, além de laticíferos. É importante lembrar que apenas os elementos crivados estão envolvidos diretamente na translocação.

Pelo menos três diferentes tipos de células companheiras podem ser observados nas nervuras menores das folhas maduras exportadoras (fontes): células companheiras ordinárias, de transferência e intermediárias (Figura 3).

Figura 3: Desenho ilustrativo do elemento de tubo crivado e sua célula companheira ordinária – adaptado de Taiz e colaboradores, 2017

Diferentemente do xilema, as células do floema são vivas, mas elas apresentam características específicas. Os elementos crivados perdem seus núcleos e tonoplastos (membrana do vacúolo) durante o desenvolvimento. Além da membrana plasmática, as organelas mantidas incluem mitocôndrias relativamente modificadas, plastídios e retículo endoplasmático liso. Apesar de haver um espessamento da parede celular em alguns casos, ela não é lignificada.

Mas se os processos que ocorrem em uma célula geralmente são comandados pelo núcleo, como os elementos crivados conseguem perdê-los e ainda assim exercer sua função? Exatamente por causa das células companheiras que assumem algumas das funções metabólicas críticas, como a síntese proteica. Além disso, suas numerosas mitocôndrias podem fornecer energia na forma de ATP.

Por último, mas não menos importante, temos as proteínas P. Sabe quando alguém fura um cano e a água jorra? Algo semelhante acontece quando os elementos de tubo crivados são danificados: perda excessiva de seiva. Os açúcares e outras moléculas orgânicas que constituem essa seiva representam um investimento energético e sua perda não é nada bom. Assim, as proteínas P exercem uma importante função: vedação dos elementos crivados danificados. Uma solução a longo prazo para o dano no tubo crivado é a produção de calose (um carboidrato) nos poros da placa crivada, promovendo de maneira eficaz o isolamento dos elementos crivados danificados.

O que acontece é que os tubos crivados estão sob uma pressão interna extremamente alta e, quando ocorre um corte ou perfuração, a pressão diminui e provoca o deslocamento da seiva em direção à extremidade cortada. Quando isso acontece a proteína P e outras inclusões celulares ficam presas nos poros da placa crivada, auxiliando na vedação.

Agora com as estruturas conhecidas, clique aqui se quiser saber como ocorre a translocação no floema.

About Marcella Chaves

Bióloga (UFMA). Mestre em Fisiologia Vegetal (UFLA). Doutoranda em Fisiologia e Bioquímica de Plantas (ESALQ/USP).

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