O que é dormência de sementes? Entenda o papel dessa estratégia vital das plantas

A dormência de sementes é uma estratégia adaptativa fundamental que impede que a germinação ocorra mesmo sob condições ambientais (de água, luz e temperatura) aparentemente favoráveis. Essa condição evita que a planta desperdice energia germinando em ambientes que não sustentariam o crescimento do plântula, como temperaturas inadequadas ou disponibilidade temporária/transitória de água, como uma chuva fora de época.

Por que a dormência é importante?

A dormência aumenta significativamente as chances de sobrevivência das plantas. Ao impedir a germinação prematura, ela sincroniza o crescimento com as condições ambientais mais adequadas. Além disso, promove a dispersão temporal da germinação, o que reduz a competição entre indivíduos da mesma espécie e aumenta a diversidade genética das populações.

Do ponto de vista fisiológico, a dormência também está relacionada à sensibilidade hormonal da semente. Durante o desenvolvimento, a alta sensibilidade ao ácido abscísico (ABA) favorece o estado dormente, enquanto o aumento da sensibilidade à giberelina (GA) promove a germinação. Outros hormônios, como etileno e brassinosteroides, também participam regulando essa balança hormonal, mas a relação que efetivamente regula a germinação é ABA:GA.

Tipos de dormência de sementes

A dormência pode ser classificada em diferentes tipos, de acordo com sua origem:

  • Dormência física: comum em sementes com tegumentos impermeáveis à água ou ao oxigênio. Presente em muitas leguminosas.
  • Dormência fisiológica: resulta de inibidores químicos internos, como altos níveis de ABA, ou de uma baixa sensibilidade a promotores da germinação como GA.
  • Dormência morfológica: ocorre quando o embrião está imaturo no momento da dispersão da semente.
  • Dormência combinada: envolve dois ou mais mecanismos, como tegumento duro e embrião imaturo.

A quebra de dormência é um processo igualmente regulado, que permite à semente detectar o momento ideal para germinar. Isso pode ocorrer por variações ambientais (temperatura, luz) ou por modificações internas no metabolismo da semente

About Guilherme Daubermann

Doutor em Fisiologia e Bioquímica de Plantas (ESALQ - USP). Mestre em Fisiologia Vegetal pelaUniversidade Federal de Lavras (UFLA - Lavras-MG). Engenheiro Agrônomo formado na Universidade de Passo Fundo (UPF). Fundador da Agriscience e do Universo Plantado.

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