Plantas absorvem microplásticos? A ciência agora confirma que sim!

O uso intensivo de plásticos tem gerado cada vez mais micro e nanoplásticos, fragmentos extremamente pequenos que se dispersam facilmente no ar. Por serem tão leves e pequenos, podem ser inalados por humanos, alcançar os pulmões e até atingir a corrente sanguínea, o que acende um alerta sobre possíveis riscos à saúde.

Mas e as plantas?

Até pouco tempo atrás, a ciência sabia que microplásticos podiam ser absorvidos pelas raízes, mas sua mobilidade para a parte aérea era considerada muito limitada. No entanto, um novo estudo publicado na revista Nature esse ano (2025) revolucionou esse entendimento.


🔮 Nanoplásticos entram pelas folhas

Pesquisadores analisaram plantas cultivadas em ambientes abertos em diferentes regiões da China, com variados níveis de poluição atmosférica. Eles descobriram que as folhas absorvem nanoplásticos diretamente da atmosfera, através dos estômatos.

Essas partículas se movimentam pelo apoplasto e chegam até os tecidos vasculares. O acúmulo foi maior em locais próximos a áreas industriais ou aterros sanitários e menor em parques e campi universitários.

E mais: quanto mais velha a folha, maior o acúmulo de nanoplásticos.


🌾 Alface, espinafre e couve-flor também acumulam plásticos

Diferentes espécies cultivadas mostraram acúmulo de nanoplásticos, entre elas:

  • Alface
  • Espinafre
  • Couve-flor
  • Salsão
  • Repolho
  • Nabo

Essas são espécies alimentícias cultivadas ao ar livre, e os nano e microplásticos não estavam apenas na superfície da folha. Mesmo após lavagem com água destilada e etanol, os plásticos permaneceram nas folhas, indicando que foram absorvidos e internalizados.


🧪 ABA reduz a absorção

Em testes controlados com milho, os cientistas mostraram que a exposição ao ar contaminado com nanoplásticos já causa acúmulo em apenas um dia.

Curiosamente, quando foi aplicado ácido abscísico (ABA), conhecido por induzir o fechamento estomático, a absorção caiu drasticamente. Isso confirma que os estômatos são a principal porta de entrada para esses contaminantes.


🌍 Impactos fisiológicos e para a saúde humana

Do ponto de vista da planta, absorver microplásticos é um estresse. Isso ativa respostas fisiológicas que exigem energia extra, desviando recursos do crescimento e da reprodução. Em outras palavras, a planta produz menos biomassa e menos alimentos.

E como as plantas são base da cadeia alimentar, o acúmulo de microplásticos pode chegar até os seres humanos, representando um risco real de contaminação alimentar e efeitos tóxicos.


🔹 Conclusão

Esse estudo publicado na Nature levanta uma nova preocupação na interface entre fisiologia vegetal, segurança alimentar e saúde pública. O ambiente está mudando, e as plantas estão absorvendo mais do que apenas nutrientes.

Se você quer se aprofundar no assunto, recomendo fortemente a leitura completa do artigo. E claro: compartilha esse post com quem precisa entender como a poluição pode afetar desde a folha da planta até o nosso prato.

About Guilherme Daubermann

Doutor em Fisiologia e Bioquímica de Plantas (ESALQ - USP). Mestre em Fisiologia Vegetal pelaUniversidade Federal de Lavras (UFLA - Lavras-MG). Engenheiro Agrônomo formado na Universidade de Passo Fundo (UPF). Fundador da Agriscience e do Universo Plantado.

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