Desde que houveram relatos, há trinta anos atrás, a AIDS tornou-se uma das maiores causas de morte no mundo todo. A história da AIDS ou do HIV é curta e tem sido muito discutida. Há não tanto tempo quanto se possa esperar, cientistas identificaram uma espécie de chimpanzé localizado na África como a fonte da infecção do vírus HIV em humanos. Os mesmos acreditam que a versão do vírus que o chimpanzé carrega (vírus da imunodeficiência símio – SIV) acabou sendo transmitida aos humanos e, então, transformou-se, através de mutações, no HIV que conhecemos hoje. O mais provável é que isso tenha ocorrido enquanto os humanos caçavam estes chimpanzés, pois acabaram entrando em contato com o sangue infectado desses animais.
Com o passar dos anos a doença se espalhou e chegou aos mais longínquos lugares do planeta. Também com o passar do tempo, a necessidade de entender o que era o HIV aumentou. Aumentaram, com a necessidade, também, as pesquisas e os investimentos. Métodos de tratamentos evoluíram e chegaram ao patamar que estamos hoje, onde a saúde das pessoas que vivem com HIV melhorou em todo o mundo.
Apesar de o panorama ter melhorado muito nos últimos anos, ainda é algo que deve-se prestar muita atenção. Os Estados Unidos da América, por exemplo, tem 50 mil novos casos de HIV todos os anos. Segundo a CDC, hoje, estima-se que 35 milhões de pessoas estejam infectadas com HIV/AIDS no mundo todo. Sendo que mais de 2/3 dessas 35 milhões de pessoas vive na África subsaariana. No Brasil, existem cerca de 650 mil casos registrados de AIDS desde o primeiro relato em 1980.
O Grande problema disso tudo é que não existe uma vacina para esta doença. Os melhores métodos de controle continuam sendo os convencionais, de barreira e/ou abstinência que, infelizmente, não tem uma alta adesão.
Algumas vias alternativas, como proteínas microbicidas que atuam contra o HIV podem ajudar a prevenir a infecção, no entanto estas são requeridas em uma larga quantidade, em repetitivas doses. E é por isso que plantas de produção em grande escala podem ser uma boa via de produção desses microbicidas. Cientistas, em um artigo intitulado “Endosperma de arroz produz forma potente de anticorpo monoclonal neutralizante de HIV – 2G12”, que foi publicado na Plant Biotechnology Journal em Abril, relatam o desenvolvimento de uma planta de arroz transgênico que expressa um anticorpo monoclonal (2G12), que é uma potente forma neutralizante do vírus HIV. Esse anticorpo está presende no endosperma, que é parte constituinte das sementes de uma ampla variedade de espécies.
Os autores relatam também, no artigo, que experimentos de imunolocalização mostraram que os anticorpos acumularam-se principalmente em proteínas armazenadas nos vacúolos, mas também induziram a formação de compartimentos esféricos circundados por ribossomos, o que indica, segundo os autores, que eles são originados do retículo endoplasmático. O Retículo endoplasmático é, na verdade, um microssistema de comunicação das células. Tem, na sua formação, diversas membranas que criam canais. Esses canais estendem-se por todo o citoplasma, até a chamada carioteca (envoltório do núcleo celular). Enquanto no retículo, diversas substâncias são carregadas de um lado à outro, em função das suas necessidades.
Os autores comparam, ainda, a diferença entre a planta selvagem e a transgênica. A comparação indica que genes endógenos associados à biossíntese de amido passaram por um processo onde houve diminuição da quantidade do componente celular no endosperma das plantas transgênicas (processo conhecido como downregulation), ao passo que genes que codificam prolamina e glutaredoxina-C8 passaram pelo processo contrário, e tiveram um aumento no componente celular das mesmas (up-regulation).
O artigo discute mais detalhadamente alguns resultados obtidos com a produção do anticorpo do HIV nas sementes do arroz transgênico. Para ver o artigo na integra, clique aqui.
O impacto dos resultados obtidos sobre a produção de anticorpo profilático do HIV em sementes de arroz também é discutido no trabalho.
Deve-se notar que dois dos autores são pesquisadores membros da Empraba Recursos Genéticos e Biotecnologia. São eles, André Melro Murad e Elíbio Leopoldo Rech.
Fontes:
http://www.cdc.gov/globalaids/Global-HIV-AIDS-at-CDC/default.html
http://www.aids.gov.br/pagina/aids-no-brasil
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/pbi.12360/abstract