Estudo pode reconhecer como as plantas se comportarão em estresses

Um recente estudo em assinaturas genômicas de adaptação em cultivares agrícolas pode ajudar a predizer como as variedades ou cultivares respondem a determinados estresses no seu ambiente. Esse, que é o primeiro estudo a documentar essas assinaturas genômicas de adaptação, pode ajudar a identificar plantas que irão adaptar-se em determinadas condições de estresse, como seca, solos pobres ou até mesmo solos tóxicos.

Imagem ilustrativa, colheita de sorgo. Flickr (CC) por Agrilife Today.
Imagem ilustrativa, colheita de sorgo. Flickr (CC) por Agrilife Today.

O estudo,conduzido por geneticistas da Kansas State University, mostrou que assinaturas genômicas de adaptação em plantas de cultivo podem ajudar a predizer como determinadas variedades irão responder à estresses causados pelo seu ambiente.

Segundo Geoff Morris, professor assistente de agronomia na Kansas State Univeristy, e pesquisador afiliado em um projeto de pesquisa da universidade. esse seria o primeiro estudo a demonstrar que essas assinaturas genômicas de adaptação podem ajudar a identificar plantas que irão comportar-se bem ou não sobre determinados estresses.

Os pesquisadores conduziram o estudo com sorgo, que é um dos cereais mais antigos e mais cultivados no mundo. Essa cultura é cultivada na África e na Ásia , bem como em outras regiões de condições severas. Existem, por todo o mundo, mais de 43.000 variedades de sorgo, que foram coletadas e armazenadas em bancos de genes, conhecidos como bancos de germoplasma. Esses bancos são, na verdade, infraestruturas científicas destinadas a conservar o patrimônio genético das plantas, seja sob form de semente, DNA, tecídos, pólen, entre outros. Esse recurso é um complemento à conservação in situ, que visa dar uma segurança à humanidade contra a extinção das espécies no seu habitat.

“Enquanto o sorgo é cultivado em alguns dos climas mais hostis do mundo, nós precisamos continuar aumentando a quantidade de grãos que essa cultura produz e a sua resiliência à ambientes severos, pois algo como meio bilhão de pessoas dependem dela como fonte de alimento básico. Nós queremos que essa importante cultura produza mais alimentos e tenha menos perdas.”, diz Geoff Morris.

O trabalho reuniu amostras de bancos de germoplasma, reunidas pelo autor Geoff Morris e seus colegas da Cornell University e do Internatinal Crops Research Insitute for Semi-Arid Tropics (ICRISAT), em forma de informações genéticas dos genomas de cerca de 2.000 variedades de sorgo. Essas variedades amostradas, por serem cada uma delas de um local particular, habilitou os pesquisadores à relacionar as diferenças genéticas de cada uma das variedades em relação à sua sobrevivência em um determinado ambiente.

Com os dados, os autores estarão aptos a mapear cada assinatura genômica de adaptação ambiental de cada variedade. Essa assinatura reflete o quanto as diferentes variedades ao redor de todo o mundo adaptaram-se para estresses nos seus devidos ambientes, como estiagem, solos pobres, metais tóxicos, entre outros.

Por final, a equipe de pesquisadores simulou estresses de seca no ambiente ds plantas a fim de testar se as análises genômicas poderiam ajudar na predição de quai variedades poderiam continuar e prosperar em condições de seca. A equipe testou respostas à seca em centenas de diferentes variedades de sorgo na ICRISAT localizada na India e  na University of Texas em Austin. Os dados, por final, mostraram que as assinaturas genômicas identificaram que variedades teriam mais probabilidade de prosperar em condiçoes de estresse.

Os pesquisadores catalogaram as descobertas em um banco de dados que ajuda os reprodutores de sorgo com recursos limitados em países em desenvolvimento a ter melhores predições de qual variedade irá prosperar em um determinado ambiente e em determinadas previsões de tempo para estações.

“Análise genômica nunca irá substituir os testes feito à campo, mas pode sim ajudar-nos a identificar variedades úteis e genes para aumento de tolerância à estresses” completa Morris, “esperamos que essa descoberta irá nos ajudar a desenvolver novas variedades mais tolerantes para os agricultores nas regiões mais hostis em termos de crescimento de culturas.”

O estudo “Genome-environment associations in sorghum landraces predict adaptive traits” pode ser acessado clicando aqui.

Veja ainda: genes sequenciados em fabaceas para tolerância à seca, e até mesmo sobre a avaliação de efeitos da estiagem, no entanto, esse estudo sequencia pela primeira vez

About André Guilherme Daubermann

Estudante de Doutorado em Fisiologia e Bioquímica de Plantas (ESALQ - USP). Mestrado o em Fisiologia Vegetal na Universidade Federal de Lavras (UFLA - Lavras-MG). Engenheiro Agrônomo formado na Universidade de Passo Fundo (UPF).

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