Qual é o papel do acaso na ciência?

Grande parte das descobertas feitas na ciência até hoje são muitas vezes atribuídas ao que costumamos chamar de “acaso”. O  fato é que a maioria delas é resultante de um fenômeno chamado de serendipidade.

Cell culture - Umberto Salagnin (Flickr CC)
Cultura de célular – Foto ilustrativa – Umberto Salagnin (Flickr CC)

 

O que acontecera com Fleming? Será mesmo que deixou uma placa de petri com uma cultura de Staphylococcus esquecida e que nesta cresceu um fungo contaminante? Será mesmo verdade que, quando percebeu que havia um halo livre de bactérias ao redor do fungo, teria percebido que o fungo tinha capacidade de matar as bactérias? O fungo em questão era um Penicillium e o que matou as bactérias foi a substância que hoje conhecemos como penicilina. Qual foi, então, o papel do acaso nessa descoberta que acabou por salvar mais vidas na história da ciência do que, provavelmente, qualquer outra já descoberta?

O caso é que, em civilizações antigas, pães que acabavam por embolorar eram utilizados no tratamento de alguns tipos de feridas irreparáveis. Tal tratamento era utilizado com sucesso. Na verdade, o que atuava na ocasião eram os antibióticos produzidos pelos fungos que acabavam destruindo as bactérias contaminantes e acabavam por reparar as feridas que, até então, eram irreparáveis. Foi, então, no ano de 1928 que o escocês sir Alexander Fleming, retornando ao seu laboratório, após ausentar-se por uns dias,  percebeu que o crescimento de um fungo em uma de suas culturas de estafilococos acabou “estragando-as”. Percebeu, então, que ao redor das áreas com fungo não haviam bactérias e, então, com devida preparação, logo percebeu que o fungo produziria uma substância inibidora do crescimento bacteriano.

Com certeza o papel do acaso em todas essas histórias foi muito importante. No entanto, é necessário notar que, em todas as situações, o acaso favorece às pessoas que preparam-se para o que possa vir. Preparado para perceber e interpretar, analisar e concluir. Encontrar algo a que se procura pode ser resultado de muita persistência, no entanto, encontrar algo a que não se procura, e estar apto à reconhece-la como importante, é serendipidade.

Não é fácil -ou possível- programar em nossas pesquisas quando a serendipidade irá ocorrer. Mas podemos escolher entre estamos abertos à novos conhecimentos e sermos capazes de traduzir aquilo que nos é colocado como sendo algo revolucionário. Estamos nos preparando para a serendipidade?

Referências:

http://pt.scribd.com/doc/8774972/Serendipity-and-Science#scribd

http://www.northcoastjournal.com/humboldt/serendipity-in-science/Content?oid=2131243

http://www.scienceiq.com/Facts/SerendipityInScience.cfm

 

About André Guilherme Daubermann

Estudante de Doutorado em Fisiologia e Bioquímica de Plantas (ESALQ - USP). Mestrado o em Fisiologia Vegetal na Universidade Federal de Lavras (UFLA - Lavras-MG). Engenheiro Agrônomo formado na Universidade de Passo Fundo (UPF).

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