Sequenciados genes de fabaceas para tolerância à seca e à solos pobres.

Umas das culturas mais subvalorizadas podem vir a ser uma das ferramentas mais valiosas da agricultura. Uma recente pesquisa do centro de culturas subutilizadas da University of Southampton acabou dando suporte à isto. Acontece que o coordenador Mark Chapman criou um recurso de novos dados que estarão disponíveis aos cientístas para revelar o motivo de alguns legumes serem bem sucedidos enquanto outros falham. Em última instância, os novos dados deverão preparar o mundo para futuras pressões sobre a agricultura.

Flickr (CC 2.0  Wanko)
Flickr (CC 2.0 Wanko)

Bem, acontece que milhares de espécies pertencem à família dos legumes (Fabaceae), ainda que poucas delas sejam utilizadas de uma forma consistente na agricultura. Outras, ainda que utilizadas, são subutilizadas. Diferentemente de culturas como soja, amendoim, as espécies subutilizadas podem crescer em áreas com solos degradados ou naturalmente muito pobres, até mesmo com pouca disponibilidade de água. Isto acontece porque elas contém na sua genética uma única variação em um gene, que foi perdido ao ser cultivada ao longo de todos estes anos.

O trabalho de Chapman vai permitir que pesquisadores identifiquem estes genes, pois ele sequenciou e armazenou os transcriptomas ( refere-se ao conjunto completo de transcritos de RNAs mensageiros, RNAs ribossômicos, RNAs transportadores e os microRNAs) de quatro legumes subutilizados nativos da África, que são cultivados em pequena escala em fazendas na Ásia e África. As quatro plantas da família Fabaceae exibem diferentes tipos de tolerância à estresses.

“Estes legumes foram selecionados por causa da sua grande tolerância, mas por ora poucas pesquisas foram feitas.” diz Chapman. “Lablab purpureus é um dos legumes mais tolerante à seca, frequentemente usado como forragem para pecuária, enquanto a Lathyrus sativus é tão resistente à seca que é cultivada como uma cultura de segurança. Psophocarpus tetragonolobus expressa fortes tolerâncias à doenças, e a Vigna subterrane  pode ser cultivada em solos degradados.”

 

Ter estes genes identificados é um grande avanço para a agricultura. A partir de agora, eles estarão disponíveis aos cientistas para que tentem introduzir em culturas majoritárias, como a soja. Através destas culturas, Chapman identificou entre 32.446 e 34.401 genes, no total. Ele identificou ainda, algo próximo de 3.000 marcas genéticas que vão ajudar os cientistas a investigar as variações genéticas em/entre diferentes espécies. Estes marcadores vão ser essenciais para conectar as sequencias genéticas com as características demonstradas pelos legumes que conseguem prosperar em condições ambientais extremamente adversas.

Você pode ler na integra (em inglês) o material disponibilizado pela Botanical Society of America, clicando aqui.


Leia o Artigo(inglês):

  1. Mark A. Chapman. Transcriptome Sequencing and Marker Development for Four Underutilized Legumes. Applications in Plant Sciences, 2015; 3 (2): 1400111 DOI: 10.3732/apps.1400111

About André Guilherme Daubermann

Estudante de Doutorado em Fisiologia e Bioquímica de Plantas (ESALQ - USP). Mestrado o em Fisiologia Vegetal na Universidade Federal de Lavras (UFLA - Lavras-MG). Engenheiro Agrônomo formado na Universidade de Passo Fundo (UPF).

View all posts by André Guilherme Daubermann

Dê a sua opinião!

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.