Quanto mais conhecemos os caminhos que traçam a comunicação subterrânea das plantas, mais mudamos nossos conceitos sobra elas. Acreditava-se num passado não muito distante, que as plantas estariam “sentadas” e crescendo de forma silenciosa. Para a planta, conectar-se à rede de fungos pode ajudá-la, bem como para suas plantas vizinhas, no compartilhamento de nutrientes e de informações. Esta rede serve, também, como um método de sabotar plantas que não são bem vindas ao seu lado -que possam competir com ela- e, então, a planta utiliza-se de substâncias químicas tóxicas, conhecidas como substâncias alelopáticas.
Cerca de 90% das plantas terrestres acabam por serem beneficiadas por estas relações mutualisticas com fungos. Nas associações com micorrizas, as plantas provêm comida aos fungos, em forma de carboidratos. Em contrapartida, o fungo ajuda as plantas a reter água, bem como prover nutrientes como fósforo e nitrogênio por seus micélios. É claro, para a ciência, desde meados da década de 60 que as micorrizas ajudam no desenvolvimento das plantas.
Bem, o que acontece é que as plantas, de forma especial, desenvolveram, durante sua evolução, uma simbiose natural com os fungos. Isto dá-se através de uma ligação física, onde as micorrizas, como já explanado, conseguem absorver água e nutrientes que não estariam disponíveis para as plantas. Como recompensa, acabam recebendo carboidratos e glicose, produzidos pela fotossíntese da planta.
A rede de fungos também acaba por resultar em um aumento no sistema imune da planta hospedeira. Isto ocorre pois, quando um fungo coloniza a raiz de uma planta, ocorre uma espécie de “ignição” para a produção de substâncias químicas que são correlacionadas à defesa da planta. Isto faz com que, posteriormente, o sistema imune responda à ataques de forma mais rápida e eficiente -fenômeno conhecido como “priming”. Este fenômeno acontece simplesmente com a conexão da planta na rede de micélios, veja um artigo sobre clicando aqui.
Embora isto possa parecer o suficiente para suportar a ideia de que estas micorrizas são benéficas, isto não é tudo. Sabe-se também que as micorrizas acabam conectando plantas que estão relativamente separadas por grandes distâncias. Mas foram-se décadas para concluir-se o que a rede de fungos pode realmente fazer. Em 1997, Suzanne Simard, da University of British Columbia, localizada em Vancouver, encontrou uma das primeiras evidências sobre isto. Ela acabou por mostrar que Pseudotsuga menziesii (planta conífera) e Betula papyrifera (bétula) podem transferir carbono entre sí via micélios. Da mesma forma, alguns outros estudos mostram que elas podem também transportar nitrogênio e fósforo pela mesma rota.
Este assunto é mais complexo do que imagina-se. Procure ler os artigos que citamos anteriormente, eles irão provêr muita informação sobre. Você pode ainda ler algo mais sintetizado em Biologia total, do Professor Jubilut. E também no site da BBC – Earth, onde você encontra também um artigo completo e rico em detalhes sobre este assunto.